domingo, agosto 19, 2018

Montreal poeira e outras merdas. Pinguins azuis Yves Klein

Ataxia | s.f. | 
1. Incoordenação patológica dos movimentos do corpo.
2.Desordem dos fenómenos psicológicos.
3. Supergrupo rock/experimental.

Esta é a definição de ataxia fornecida pelo dicionário online da priberam e ponto 3. definição dada por mim. A titulo futuro, acontece que, com a desorganização caótica do meu cérebro, há coisas que não consigo controlar. Muitas das vezes o limite é tão difícil de perceber. Os pensamentos são mais difíceis de fixar e aí encontro alguma paz. Pior é que isso faz mal ao meu ser e… aos outros meus seres. As coisas que não conseguimos abdicar perseguem-me por largos momentos. O difícil que é falar... e ninguém percebe porque faço o contrário muito bem. Talvez pensem que faz parte de mim mas a verdade é eu não sou assim, que não faz parte de mim. ao longo dos tempos fui perdendo bocados de mim por aí e inventando outros.

Talvez seja isso que incomoda os meus seres. Não creio que sinta, normalmente inveja. Não invejo quase nada nem ninguém. As vezes falo em ter ou querer, ou querer ter, e acabo por à posteriori, perceber que não sinto muita inveja do "quem" tem… isto é: posso querer alguma coisa, como um Aston Martin, mas não invejo as pessoas que o têm. Isto por norma. Acontece-me com algumas pessoas alguma dessas coisas, não pelo que atingiram mas o que são perante as situações. Isto é: gostava de saber exatamente o que quero, e o que podia fazer para conseguir isso, em vez de desgarrar todas as atitudes e decisões, apesar de pensar nelas até à exaustão. Ou ser impulsivo e fazer e depois pensar naquilo que fiz até à exaustão.

Uma vez saí de um filme a chorar. Não sei se já o disse ou escrevi, mas um dia “parou-me de repente o pensamento”. Nunca tinha entrado tanto num filme. Foi como se não soubesse o que fazer. Como se pudesse, a minha vida, poder vir a sentir aquilo.

Hoje os meus músculos pararam. Ainda não parei para pensar bem no que aconteceu o que possa vir a acontecer, continuo a vaguear pela noite, pela incerteza e pelo fugaz.

O problema da lacuna da contemplação nunca se me tinha sido colocada antes. Contemplo rápido de mais e obrigo o meu cérebro a tomar uma decisão ali, naquele espaço e tempo de vazio. Detesto vazios.

Dizem os Sábios


Dizem os sábios que já nada ignoram
Que alma, é um mito!...
Eles que há muito, em vão, dos céus exploram
O almo infinito...
Eles, que nunca achavam no ente humano
Mais que esta face
De ser finito, orgânico, o gusano
Que morre e nasce,
Fundam-se na razão.
                E a razão erra!...

Quem da lagarta a rastejar na terra
Pode supor,
Sonhar sequer, que um dia há-de nascer
A borboleta, aquela alada flor
Matiz dos céus?
Sábios, achai em vão o pode ser
Saber... só Deus.

O homem rasteja, semelhante ao verme
Por que não há-de a paz da sepultura
- Quanto labor sob a aparente calma!
Servir d'abrigo àquele ser inerme,
De que há-de um dia após tarefa oscura
Surgir vivaz, alada e flor, a Alma.


Ângelo de Lima, in 'Antologia Poética'

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