terça-feira, abril 30, 2013

Gosto ≢ qualidade

Aquele momento em que percebes que teres dito “eu é que sei da minha vida!” foi estúpido porque a pessoa a quem o disseste sabe mais da tua vida que tu!

segunda-feira, abril 29, 2013

Somos o Casamento da Noite com o Sangue

Meu amor, ao fechar esta porta nocturna 
peço-te, amor, uma viagem por um escuro recinto: 
fecha os teus sonhos, entra com teu céu nos meus olhos, 
estende-te no meu sangue como num largo rio. 

Adeus, adeus, cruel claridade que foi caindo 
no saco de cada dia do passado, 
adeus a cada raio de relógio ou laranja, 
salve, ó sombra, intermitente companheira! 

Nesta nau ou água ou morte ou nova vida, 
uma vez mais unidos, adormecidos, ressuscitados, 
somos o casamento da noite com o sangue. 

Não sei quem vive ou morre, quem repousa ou desperta, 
mas é o teu coração que distribui 
no meu peito os dons da aurora. 

Pablo Neruda, in "Cem Sonetos de Amor"

domingo, abril 28, 2013

O acaso não existe: tudo é ou provação, ou punição, ou recompensa, ou previdência*



Eu chego e falo e digo qualquer coisa. Faço outra e penso que sim. Vejo isto ou aquilo e falo com os que estão. Meramente casual ou discussão monumental. Dentro de nós está o que somos. Fora o que queremos  e: dentro e fora está o tudo.

                Mas começo e depois acabo. Como se de um filme se tratasse. Como se controlado pudesse ser. A coerência já se foi. Já se foi e não é de agora. É de anos e anos a tentar destruir apenas por destruir porque o interior inquieto moí e remoí, mata e morre e esperneia e: ela.

  A calma maria que se faz sentir entre as vagas de ondas quebradas e cegas não é suficientemente grande para que se possa aguentar a vida. Os uivos dos lobos lá fora fazem-se ouvir. O sinal de respeito é enviado para o ar em forma desse barulho medonho que me arrepia da ponta dos pés até: ela.

                                                                      Ela está deitada ao meu lado. Parece estar a dormir.
Não consigo dizer se o está ou só finge. Sei que finge muitas vezes.
                                Sei que há alturas em que ela está acordada mas só finge que esta a dormir para não falar comigo. Para não sentir a inquietude das minhas palavras. Porque sabe que se eu pensar que está a dormir, a minha mão vai passar pela sua cabeça. Acompanho sempre com um suspiro: ELA.
                                          Ela está a dormir. Agora sei que está porque se vira para mim. Se estivesse a não dormir, nunca se voltaria para mim. Sinto a sua respiração no meu ombro direito. Não faltava muito para que: Ela
Agarrou-se a mim.


E creio em querer, e em mais nada poder vir a fazer para que o querer em crer, e crer o querer para poder ser, o que se mais não somos é porque não conseguimos sonhar, não consegui querer que o meu querer fosse apenas o crer.

*Voltaire

sábado, abril 27, 2013

sexta-feira, abril 26, 2013

terça-feira, abril 23, 2013

Aí....

segunda-feira, abril 22, 2013

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Só há uma liberdade, fazer as contas com a morte. Depois disso, tudo é possível. Não posso forçar-te a crer em Deus. Crer em Deus é aceitar a morte. Quando tiveres aceitado a morte, o problema de Deus ficará resolvido por si - e não o inverso.

Albert Camus, in 'Cadernos'

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Agora que me lembro: realmente o meu primo tem expressões engraçadas... Já foram duas que meti no blog. O "vai-ta fuck!" e o "àà fodasse!"

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Namastê,

Duas semanas sempre a mil à hora e agora parece que o mundo acalmou demais. Com os erros normais da inexperiência (e da distração do costume) estes dias foram produtivos a nível pessoal e profissional. Verdade é que ainda tenho algumas coisas a mudar, mas a confiança depositada em mim acabou por ser um impulsionador para fazer as coisas bem e resolver os problemas por mim! Não é fácil, mas como dizem por aí, as coisas fáceis não tem piada. Ainda mais para mim que gosto de ter problemas... E como me disseram, quando não os tenho, crio-os. Não correu tudo como queria corresse, deixei coisas pendentes e uma ou outra coisa por resolver... Mas de uma forma geral, estou e fiquei contente com o resultado e deu.me outro ânimo.... Agora, venham as férias para o ânimo ficar completo.

quarta-feira, abril 10, 2013

:quando nos apaixonamos

Quando nos apaixonamos, ou estamos prestes a apaixonar-nos, qualquer coisinha que essa pessoa faz – se nos toca na mão ou diz que foi bom ver-nos, sem nós sabermos sequer se é verdade ou se quer dizer alguma coisa — ela levanta-nos pela alma e põe-nos a cabeça a voar, tonta de tão feliz e feliz de tão tonta. E, logo no momento seguinte, larga-nos a mão, vira a cara e espezinha-nos o coração, matando a vida e o mundo e o mundo e a vida que tínhamos imaginado para os dois. Lembro-me, quando comecei a apaixonar-me pela Maria João, da exaltação e do desespero que traziam essas importantíssimas banalidades. Lembro-me porque ainda agora as senti. Não faz sentido dizer que estou apaixonado por ela há quinze anos. Ou ontem. Ainda estou a apaixonar-me. 

Gosto mais de estar com ela a fazer as coisas mais chatas do mundo do que estar sozinho ou com qualquer outra pessoa a fazer as coisas mais divertidas. As coisas continuam a ser chatas mas é estar com ela que é divertido. Não importa onde se está ou o que se está a fazer. O que importa é estar com ela. O amor nunca fica resolvido nem se alcança. Cada pormenor é dramático. De cada um tudo depende. Não é qualquer gesto que pode ser romântico ou trágico. Todos os gestos são. Sempre. É esse o medo. É essa a novidade. É assim o amor. Nunca podemos contar com ele. É por isso que nos apaixonamos por quem nos apaixonamos. Porque é uma grande, bendita distracção vivermos assim. Com tanta sorte. 


Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Público (14 Fev 2012)'

segunda-feira, abril 08, 2013

Dia(ou noite)

Encontrei o meu relógio e estou contente.

Comprei um “fio” novo – Japamala!

Mas não consigo dormir. Agora com o meu “fio” novo, já posso meditar! HEHE

 

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domingo, abril 07, 2013

de:James

 

~ ἓ ~


  O James esperava sentado no muro da casa do Francisco pelo resto das pessoas. Sei que as pessoas que iam estar presentes eram minhas amigas, algumas conhecidas apenas e outras que lhe diziam muito não dizendo nada. O Muro dava para um pequeno jardim que precedia a porta principal da casa. Cerca de dois metros de relva cortados em linha reta por um passeio de calçada. A calçada entre o portão e três degraus antes da porta era delineada por uns vasos de barro, pequenos e alguns já partidos pelo tempo, com ervas aromáticas plantadas pela Rita. “São muito mais úteis que aquelas túlipas do Paco!”. E era verdade… O James conhecia o Francisco desde que era muito novo, sempre se lembrava de lhe chamar Paco. Ele detestava que lhe chamassem de Chico ou pior ainda, Kiko. De vez em quando o pessoal chamava-lhe de Kiki só para o chatear.

  O Paco tinha uma loucura por túlipas e tinha arrancado bocados, daqueles dois metros de relva que separavam a casa do muro, para plantar as suas flores. Tinha-as de todas as cores e passava horas sentado nos degraus a ouvir música e olhar para o seu pequeno jardim. Estava então, eu sentado no muro, com os pés suspensos no ar virado de costas para a casa e para as flores do Paco. Sempre pensei o que levaria as pessoas a gostar de flores da maneira como o meu amigo gostava. Eu nunca lhe perguntei porque o apanhei muitas vezes a observa-las a partir dos degraus e apesar de não conseguir perceber conseguia entender, via-lhe nos olhos, não a razão do porque de alguém gostar de flores mas o amor que ele sentia por elas. Acho que era mesmo isso que eu não percebia, o porquê de alguém sentir aquele amor pelas flores. Olhando-as, conseguia perceber, porque eram efectivamente lindas, que gostassem de flores, mas o amor… Nas minhas costas estava uma pequena vivenda, não tão pequena mas pequena. Uma vivenda com anos e anos recuperada, rasa e de um formato quase normal. Com o pequena quero dizer fofinha. Será que fofinha pode ser um adjectivo comparado a pequena?  Bom mas o que quero dizer é que apesar de não ser uma casa muito grande ou ampla, era-o devido ás obras de remodelação instauradas pelo casal. Pelo próprio casal e por todos nós, os amigos, que ajudamos. Debaixo dos meus pés suspensos havia um avançado de gravilha antes do alcatrão da estrada. Aquele alcatrão encruzava-se numa estrada principal onde não passavam muitos carros.

  Sabia que não haveria de faltar muito até chegar alguém. Meto a mão no bolso das calças e tiro o meu maço de Lucky Strike do bolso. Levo um cigarro á boca e acendo-o. Dei a primeira passa enchendo os pulmões com o fumo o máximo que conseguia… De seguida expeli o fumo pelas narinas, fazendo de mim um dragão momentâneo. Em frente da casa encontrava-se um prédio. Era recente, tinha dois andares e parecia um daqueles prédios que todos queriam ter. “Será que os apartamentos têm estores elétricos!?” penso enquanto dou outra passa no meu cigarro “gostava de viver num apartamento com estores elétricos!”. Os candeeiros da iluminação pública faziam as paredes brancas ficarem de tom alaranjado. Detestava aquela cor… antigamente, lembro-me que os cadeeiros tinham umas lâmpadas brancas. Acho que deviam consumir muita energia pelo que os municípios as trocaram por estas horrendas aberrações que faziam tudo á sua volta parecer uma utopia, fragmentos retirados de filmes independentes em que as cores do filme são propositadamente alteradas para que os cenários sejam ainda mais surreais do que aquilo que já o são.

  Com o tempo a passar já tinha enviado o meu cigarro, ou o pouco que restava dele, para o meio da estrada. Voltei a pegar no maço e a acender um cigarro. Se eles não chegassem acabaria por apanhar uma overdose de nicotina ou contrair cancro nos pulmões mais cedo do que o que seria de esperar. “Mas onde raio está aquela gente!?!?!?!”. Sem me aperceber solto o desabafo com voz para o amontoado de pessoas que não existe em meu redor. O amontoado, para meu espanto, de ninguém, que já é alguém, responde: “Olá também para ti!”. A Sofia tinha chegado: linda como sempre. Emanava sempre uma beleza deslumbrante quer tenha acabado de acordar quer esteja produzida para ir a um casamento. Senta-se no muro, ao meu lado, a olhar para os prédios novos, assim como eu olhava. Levei o cigarro á boca e inspirei novamente o fumo para dentro dos pulmões… a Sofia leva a mão ao cigarro que ainda estava na minha boca, sem sequer me tocar, num gesto repentino e eficaz, tira-o e leva-o á sua boca. Inspira e enquanto deita o fumo pela boca, lábios pequenos e delineados: diz: “Será que os apartamentos têm estores elétricos!?” solto um sorriso e encolho os ombros: “não sei! gostava de viver num apartamento com estores elétricos…!”.

Mogasi uo Soruto:

As pessoas ás vezes surpreendem-nos… outras vezes surpreendem-nos ainda mais! A verdade é que surpreendi muitas mais vezes do que fui surpreendido, principalmente pelo facto de guardar muitas das coisas para mim e por me esconder debaixo de uma capa. Sou surpreendido porque muitas vezes as pessoas dão o que têm à minha pessoa e eu aceito isso. Muitas das vezes vêm-se a ver que aquilo que nos dão não é bem aquilo que são. Acho que por vezes ainda me iludo e crio expectativas em relação a pessoas que não devo. Acontece que muitas vezes as pessoas têm males que cultivam, eu cá vou tendo os meus, mas não sendo tão poucos quanto isso, tenho de arcar com eles! Acho que isto não têm muita lógica mas como vivemos num país onde não se pode falar, com pessoas que não podem ouvir, acho que vai ter de ficar isto no ar… Mas por pedidos simples da nossa parte, e recusas, a meu ver, estranhas da parte de a quem fazemos os pedidos vemos que, apesar daquilo que não somos, não ser perfeito, aquilo que os outros nos fazem sendo o que são, nos destrói e corrompe ainda mais!

sábado, abril 06, 2013

শয়তান দূরে যান, বাস সম্পর্কে দয়া করে

sexta-feira, abril 05, 2013

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o sol ensina o único caminho
a voz da memória irrompe lodosa
ainda não partimos e já tudo esquecemos
caminhamos envoltos num alvéolo de ouro fosforecente
os corpos diluem-se na delicada pele das pedras
falam os rios deste regresso e pelas margens ressoam passos
os poços onde nos debruçámos aproximam-se perigosamente
da ausência e da sede procurámos os rostos na água
conseguimos não esquecer a fome que nos isolou
de oásis em oásis

hoje
é o sangue branco das cobras que perpetua o lugar
o peso de súbitas cassiopeias nos olhos
quando o veludo da noite vem roer a pouco e pouco a planície

caminhamos ainda
sabemos que deixou de haver tempo para nos olharmos
a fuga só é possível para dentro dos fragmentados corpos
e um dia...quem sabe?
chegaremos

in, O Medo – Al Berto

"Não há comparação entre o que se perde por fracassar e o que se perde por não tentar."

Francis Bacon

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Everything that kills me makes me feel alive

Parece que há músicas destes tipos que me conseguem por bem disposto. As letras não são nada de extraordinário, nem a voz nem a qualidade musical. Mas deixam-me bem disposto! Vá-se lá perceber! 

quinta-feira, abril 04, 2013

Alone

 

From childhood's hour I have not been
As others were; I have not seen
As others saw; I could not bring
My passions from a common spring.
From the same source I have not taken
My sorrow; I could not awaken
My heart to joy at the same tone;
And all I loved, I loved alone.
Then- in my childhood, in the dawn
Of a most stormy life- was drawn
From every depth of good and ill
The mystery which binds me still:
From the torrent, or the fountain,
From the red cliff of the mountain,
From the sun that round me rolled
In its autumn tint of gold,
From the lightning in the sky
As it passed me flying by,
From the thunder and the storm,
And the cloud that took the form
(When the rest of Heaven was blue)
Of a demon in my view.

 

Edgar Allan Poe

segunda-feira, abril 01, 2013

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Não te quero ouvir, tá?