Estava lá sentado a pensar na vida, tu sabes como é!, e pura e simplesmente veio-me à ideia certas coisas, de outros tempos, de outra altura e de quase outra era, tu sabes como é!, não sei se era por causa do sitio em si ou se por uma qualquer intervenção divina. Bom realmente a mente é uma daquelas coisas estranhas.
E nesta altura é o momento em que eu realmente te vou contar o que aconteceu, aliás, no que estava a pensar que tinha acontecido. Não sei se fará muito sentido, mas… Já te tinha dito que estava sentado a pensar na vida e até já te tinha dito o sitio, falta dizer o que.
Lembrei-me de uma vez que fui a uma festa. Acho que era na praia. Se não era na praia tinha muito areia à volta. Lembro-me de uma ou outra coisa que se passou antes. Estava numa casa com algumas porcelanas e com outras três pessoas. Acho que também havia aquários e um ou outro quadro mas não me lembro do que se tratava esses quadros. lembro-me das pessoas com quem estava mas não consigo lembrar-me do que falávamos. Sei que entretanto fomos… Não me lembro por mais que tente. Não consigo pura e simplesmente lembrar-me de quase mais nada do que antecede a dita festa. Lembro-me da festa. Lembro-me que não me sentia bem o que devia sentir. Não sei bem o que senti na altura mas sei que estava falis, tu sabes como é!, as coisas aconteciam e estava a rir e a beber uns copos e estava lá com pessoas que conhecia pouco e… a vida acontece nesses momentos, tu sabes! Lembro-me de encontrar alguém que não encontrava à anos… e ser como se nos tivéssemos visto ontem. E foi tudo tão… sincero. Foi daquelas coisas que tu tens antes de perder a inocência, de saberes o que eras capaz, ou não de fazer. Daquelas coisas que acontecem quando estas a crescer e a aprender o que são aqueles pequenos momentos de felicidade. Depois da festa nem me lembro de mais nada. Impressionante, não é?, mas acho que tu sabes como é!
Ninguém nos ensina realmente o que fazer em certos momentos. Ninguém nos ensina a viver ou o que fazer depois. Podem preparar-te para o liceu, mas tu não sabes até lá estares. Podem preparar-te para a faculdade, mas tu não sabes mesmo o que é estar lá. Podem preparar-te para os namoros, mas tu não sabes o que vai acontecer. Podem preparar-te para um casamento mas ninguém sabe o que vai acontecer depois e por isso não te conseguem preparar. Podem dizer-te e preparar-te para a morte e por mais que saibas que isso vai acontecer, nunca irás estar preparado. Nunca ninguém te diz o quão difícil vai ser viver, o quão difícil vai ser perderes alguém que amas, nunca ninguém te vai ensinar a superares a perda do teu pai. Nunca ninguém te vai dizer o quão difícil vai ser perderes o teu emprego, ou mudares para uma nova cidade. Mesmo que o digam vai soar “não vai ser fácil! Mas vais ver que vai correr tudo bem!”. Mas isso, isso?, não é dizer que viver vai ser difícil como a porra. Que vai haver alturas que vai custar horrores e que vais dizer para ti, “podiam ter avisado que ia ser assim tão difícil!”. Nunca ninguém está mesmo preparado para o que vem depois… Acho que temos sempre de esperar que o que vem a seguir seja… Seja o que for!, difícil ou não.
Realmente ninguém te ensina a ver os momentos que deves fixar e isso, isso vais ter de aprender por ti, mas tu sabes como é! Vão acontecer coisas, umas atrás das outras que não vais conseguir controlar nem fazer nada delas naquele momento e aí… aí vais perceber como foste inocente, feliz, sincero. Aí vais querer ter essa inocência de veres as coisas como uma criança de dez anos outra vez e sempre. Aí, quando percebes que perdes a tua inocência infantil e incoerente vais desejar poder estar lá atrás para poder viver esses momentos outra e outra vez e a única coisa que terás é a tua memória e viver esses momentos de quando em vez dentro da tua cabeça. Quando perdes a tua inocência e vês que seja o que for… já foi.
Foi isso que estava a pensar quando estava lá sentado a pensar na vida. Como é bonita a inocência, o quanto podemos ser felizes e o quanto isso custa… Mas tu sabes como é!