quinta-feira, junho 27, 2013
“Não sei quanto tempo passou desde a ultima vez que olhei as tuas fotografias! Ainda me lembro de ti, do teu cheiro em mim. Lembro-me como se estivesses aqui ao meu lado a seres tu! Havia tanto que gostava de ter feito, tanto que gostava de te ter mostrado… Tinha vivido mais que tu e, tu, tinhas tanto para viver que… no momento que deixaste de aparecer, o vazio caiu em nós. Caiu em mim porque não posso falar de outros. Não posso falar nem da minha própria mulher que se fechou como uma lunática num asilo. Eras a nossa princesa e eu sinto falta de ti…”
quarta-feira, junho 19, 2013
segunda-feira, junho 10, 2013
quinta-feira, junho 06, 2013
quarta-feira, junho 05, 2013
Conta comigo sempre. Desde a sílaba inicial até à última gota de sangue. Venho do silêncio incerto do poema e sou, umas vezes constelação e outras vezes árvore, tantas vezes equilíbrio, outras tantas tempestade. A nossa memória é um mistério, recordo-me de uma música maravilhosa que nunca ouvi, na qual consigo distinguir com clareza as flautas, os violinos, o oboé.
O sonho é, e será sempre e apenas, dos vivos, dos que mastigam o pão amadurecido da dúvida e a carne deslumbrada das pupilas. Estou entre vazios e plenitudes, encho as mãos com uma fragilidade que é um pássaro sábio e distraído que se aninha no coração e se alimenta de amor, esse amor acima do desejo, bem acima do sofrimento.
Conta comigo sempre. Piso as mesmas pedras que tu pisas, ergo-me da face da mesma moeda em que te reconheço, contigo quero festejar dias antigos e os dias que hão-de vir, contigo repartirei também a minha fome mas, e sobretudo, repartirei até o que é indivisível. Tu sabes onde estou.
Sabes como me chamo. Estarei presente quando já mais ninguém estiver contigo, quando chegar a hora decisiva e não encontrares mais esperança, quando a tua antiga coragem vacilar. Caminharei a teu lado. Haverá, decerto, algumas flores derrubadas, mas haverá igualmente um sol limpo que interrogará as tuas mãos e que te ajudará a encontrar, entre as respostas possíveis, as mais humildes, quero eu dizer, as mais sábias e as mais livres.
Conta comigo. Sempre.
Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'
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