quarta-feira, janeiro 11, 2012

Acubens

.

.

.

.

“…Enquanto olhava para as estrelas em busca de Sirius, pensava no que tinha acabado de acontecer… A pior coisa que poderia ter feito foi ter aberto aquele ficheiro maldito! Sabia muito bem o que tinha dentro mas mesmo assim a desculpa que tive de usar a mim mesmo para que a pudesse abrir foi que ‘não sabia o que estava lá dentro!’.

Como me arrependi…  Assim que abri a pasta tive a confirmação do que já sabia que nela se encontrava… estive meia hora a olhar para as tuas fotos, para a tua imagem a aparecer repetidamente no ecrãn do meu portátil… a olhar para as nossas fotos… de nós os dois nos nossos momentos, dos momentos que passamos juntos… dos sítios que visitamos… daquilo que fizemos… e a dor instaura-se novamente! Por te ter perdido como perdi nunca me perdoei… nunca vivi em paz da forma como me deixaste. Como o mundo não é justo! Como o mundo não foi justo para mim! Tinha conseguido manter estes pensamentos guardados numa caixa muito bem guardada. Mas seguido deste pensamento veio uma lágrima e outra… e uma lágrima e outra transformaram-se então em muitas outras lágrimas… e a caixa guardada voltou a abrir se e fecho os olhos já inchados e concentro-me em respirar… Nunca fiz assim tão mal para que tal coisa me acontecesse! Com a idade apenas te tornas te numa memoria passageira, numa fase da minha vida que tentei por demais esquecer mas não esquecendo! mas há dias… há dias que por mais que queira, todo o universo conjuga para, que a memória vaga mas sempre presente, em que te tornaste na minha alma, coração e vida, se transformem novamente em ti e em no teu brilho e que estes se encontrem novamente a meu lado como fantasmas a atormentarem a minha serenidade. Olho á volta á espera que teu espectro me diga algo… ali estás tu… ‘Não posso voltar ao mesmo’ penso arrancando o transformador do portátil da corrente! Desligou-se abruptamente mas não era o que me preocupava agora! Agora preocupava me o meu bem-estar. Não conseguiria sobreviver se voltasse novamente ao que me tinha tornado quando saíste da minha vida. Com todas as minhas forças arranco-me de casa agarrando apenas no maço de tabaco e no isqueiro. Em pijama percorro as ruas já sem qualquer vida humana presente… acabo por me sentar num sitio que não me é desconhecido fumando um cigarro e…

…Enquanto olhava para as estrelas em busca de Sirius, pensava no que tinha acabado de acontecer… A pior coisa que poderia ter feito foi ter aberto aquele ficheiro maldito! Sabia muito bem o que tinha dentro mas mesmo assim a desculpa que tive de usar a mim mesmo para que a pudesse abrir foi que ‘não sabia o que estava lá dentro!’.

 

Fumei mais um cigarro e encontrei Sírius que brilhava, como sempre muito mais que todas as outras estrelas… enquanto olho afasto todos os pensamentos de ti, todos os pensamentos que tenho da tua pessoa empurro-os e novamente te vais tornando na memoria que quero que sejas… não te quero novamente presente na minha vida! Aquele céu estrelado que sempre me ajudou a clarear a minha mente turva e corrompida criando sempre um brilho que me iluminava o caminho certo voltou a faze-lo… Nunca vou ter paz, vou sempre de ter de lutar contra estes sentimentos ambíguos dentro de mim mas… mas por todos os momentos que passei contigo e que agora quero novamente esquecer sem esquecendo, por todos esses momentos, por todo o amor que te tinha, que te tenho, luto contra o mais alto e forte dos guerreiros… acendo outro cigarro com o ultimo bafo do ultimo cigarro e caminho em direção a casa… “

.

Sem comentários: